segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Entrevista: Neil Gaiman

Ao escrever o texto sobre a dica do livro Stardust - O Mistério da Estrela, lembrei de uma entrevista bem bacana que o ex-diretor de redação da Monet, Alexandre Maron, fez com Neil Gaiman, na época em que o filme estava sendo lançando nas telas de cinema por aqui. Aqui vai e na íntegra!

Preto. Camisa, calça e sapato. Tudo preto. Você sempre vai encontrar Neil Gaiman, 46, vestido do mesmo jeito. Ele economiza criatividade nas roupas, mas viaja nas histórias sobre mundos mágicos e deuses vencidos. Fomos encontrá-lo para um bate-papo em Londres sobre Stardust, o filme, e seus novos trabalhos.

Qual era seu objetivo ao criar Stardust?
A intenção era escrever um conto de fadas para adultos. Mas a associação de bibliotecários dos EUA classificou Stardust como o livro adulto que as crianças queriam ler. E o livro foi migrando para prateleiras diferentes. Stardust virou um filme para a família, mas não no sentido de ser inócuo. Eu não queria aquele tipo de filme que faz tudo para não desagradar a ninguém. Mas, sim, um filme que tivesse algo para várias idades. Minha filha não gosta de cenas de beijo. Mas adora os piratas e as bruxas.

Por que alguém leria Stardust depois do filme?
Porque é diferente. É um livro, foi escrito como um conto de fadas para adultos. O que foi divertido foi encontrar equivalentes fílmicos para algumas situações. Por exemplo, uma das delícias do livro é a forma como os personagens não conseguem se encontrar no clímax. Mas eu me lembro da primeira vez em que eu ia fazer o filme com a Miramax e eles disseram: vamos ter que colocar todos na mesma sala. Precisamos de um clímax. É para isso que você vai ver os filmes. Se a pessoa vai ao cinema e não vê isso, fica frustrada. Há prazeres que você tira somente dos livros. É uma experiência diferente.

Como está a produção de Morte?
Tudo parece estar caminhando. Mas fica indo e vindo. Estamos tentando aprovar elenco e orçamento. Estou curtindo porque Guillermo del Toro é meu produtor executivo. Ele me convidou para ficar duas semanas com ele no set de Hellboy 2 e segui-lo como uma sombra. Demorei um segundo para decidir.

Qual é a melhor versão de Stardust? O filme ou o livro?
O que eu quero é um mundo em que as pessoas venham falar comigo depois do filme e digam: eu amei o filme; Charlie Cox está ótimo; Michelle Pfeiffer é assustadora; De Niro era engraçado; vou comprar o DVD; vou levar meus filhos... Mas o livro era melhor [risos].

* Entrevista realizada por Alexandre Maron e publicada originalmente na revista MONET, em novembro de 2007, edição 56.

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