quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Criança & TV: Aliados na educação

Basta passar na TV para os pequenos decorarem tudo. Aplicam frases de publicidade como ninguém. E os bordões de novela, então? O aparelho é quase uma pessoa a mais dentro de casa. E está mais que presente: uma pesquisa feita pelo canal Nickelodeon em 2008 relata que 88% das crianças brasileiras se divertem assistindo à televisão. A telinha é preferência nacional e estimula o uso de outro meio de comunicação: o computador.

Televisão e computador são aparelhos eletrodomésticos que precisam ter uma espécie de “manual do usuário” que vá além do apertar de botões. Por mais que você e os dois sejam velhos conhecidos, há uma pergunta a ser feita: como seu filho lida com eles? São tantos canais, programas, um bombardeio constante de informações e notícias. É MSN, Orkut, blogs, MP3, e-mail...

Às vezes, até parece que seu pequeno entende melhor dele do que você. Mas só parece: a criança não tem maturidade suficiente para usá-lo sem supervisão. “Informação não é a mesma coisa que sabedoria, e sabedoria não significa competência”, diz Lídia Arantangy, psicoterapeuta de casais e família. Você já deve ter ouvido que as crianças de hoje são mais espertas do que as de antigamente. Sim, são bem estimuladas, afinal estão expostas a todo tipo de informação. E esse estímulo começa cedo. Ainda bem pequeno, seu filho assiste à TV, ignorando todo o alarde da Academia Americana de Pediatria, que desaconselha a atividade para menores de 2 anos.

A gente sabe que, na prática, nem todas as regras são fáceis de serem seguidas, mas, se você não cuidar desde o início, pode deixar os meios de comunicação tomarem seu lugar como modelo da criança. E não é terrorismo. Veja aqui como é possível incluir – ou excluir – esses tão atrativos aparelhos na rotina do seu filho. Sem medo, sem traumas e, principalmente, sem culpa.

Sintonizando o problema - É só apertar o botão do controle remoto ou do teclado para seu filho mergulhar de cabeça no entretenimento da TV e do computador. Segundo um estudo orientado por Jerome e Dorothy Singer, psicólogos americanos, 82% das mães brasileiras afirmam que assistir à TV é a atividade mais comum de seus filhos. Uma pesquisa do Ministério das Comunicações revela que somos o décimo país com maior número de pessoas conectadas à internet, sendo que a maioria dos usuários são crianças e adolescentes.

O computador e a televisão são eletrodomésticos. Da mesma forma que você aconselha seu filho a não deixar a geladeira aberta ou a tomar cuidado com a temperatura do forno, deve ensiná-lo a utilizar esses aparelhos com inteligência. É claro que trata-se de uma relação mais complexa: eles envolvem diversão, emoção, preferências e conhecimento. “Quando bem usados, são capazes de melhorar a sociabilidade, ampliar horizontes e provocar a reflexão”, afirma Claudemir Edson Viana, pesquisador e diretor de faculdade. E como fazer bom uso deles? Equilibrando dois componentes básicos na rotina: conteúdo e tempo de exposição.

Curta-metragem - É uma questão bem matemática. “Uma criança que passa muito tempo em frente à tela deixa de fazer outras atividades necessárias ao seu desenvolvimento”, afirma a psicóloga Ester Cecília Fernandes Baptistella. O pediatra José Paulo Ferreira assina embaixo. “O limite para uma criança maior de 2 anos usar o computador, o videogame e a televisão é de duas horas diárias, de preferência intercaladas com outras atividades, pois alivia o estresse físico e mental.” Se você não segue essa regra, saiba que não está sozinho.

Segundo uma pesquisa realizada pela Eurodata TV Worldwide, a criança brasileira é a que mais vê TV no mundo, com uma média diária de três horas e 31 minutos por dia. “A criança pode transformar a mídia na sua principal referência – papel que deve ser desempenhado pelos pais”, diz o pesquisador Claudemir. Trocando em miúdos, a TV vira bicho-papão quando você deixa os personagens se tornarem modelos para o seu filho. E o mesmo vale para aquele DVD que não pára de rodar no aparelho. Assisti-lo diversas vezes é importante para a criança entender melhor a trama, mas, ainda que você tenha certeza de que o conteúdo é bacana, ela deve se distrair com outras atividades.

* Texto de Cristiane Rogerio e Tamara Foresti, publicado originalmente no site da revista Crescer

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