quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Criança & TV: Como a TV pode interferir na vida das crianças

Quantas vezes não ouvimos de nossas mães a clássica frase "desliga essa televisão e vai estudar!"? Mas será que ver televisão demais acaba mesmo prejudicando os estudantes? Muitos programas na TV aberta brasileira envolvem violência, futilidade e diversos outros assuntos que chegam a atrapalhar na formação psicológica da criança, que ainda não tem um julgamento crítico desenvolvido.

Mas também é certo afirmar que a TV não é de todo ruim. Canais públicos, programação de desenhos e alguns canais de TV paga apresentam uma programação especial voltada para a infância, trazendo desde programas educativos até entretenimento saudáveis.

Para a psicóloga clinica e docente da Universidade de São Paulo (USP), Walquiria Fonseca Duarte, a TV é uma atividade passiva para a criança. “Ela permanece sozinha nesta atividade, estabelecendo uma conexão exclusiva com os programas. Isso impossibilita uma interação criativa e estimulante para seu desenvolvimento psicológico e social”, afirma.

Walquiria completa que, com essa atividade passiva, os programas assistidos acabam por servir como modelo de comportamento, uma vez que os pais não dialogam com os filhos sobre a interação entre os personagens, o desenvolvimento das histórias e seus desfechos. Em uma exposição excessiva, a TV pode acarretar problemas mais sérios.

Uma criança que fica o dia inteiro em frente à TV, além da falta de necessidade de pensar, não desenvolve suas atividades motoras e têm seus relacionamentos sociais prejudicados. “Ela não sabe dar, só receber, pois é uma atividade solitária”, diz a psicóloga e psicopedagoga pela USP, Ana Cássia Maturano.

Mas afirma que tais problemas ocorrem em casos extremos. Do contrário, acredita não haver problemas na criança assistir a TV, já que esta é uma fonte de informação muito importante. “O problema está no tempo que a criança perde do seu dia em frente a ela”.

O que mudar?
Restringir o uso da TV, sem que esta ocupe o seu dia todo, esclarecer prioridades como deveres escolares, incentivar a leitura, brincadeiras e outras atividades criativas são algumas das opções para estimular uma vida mais ativa e saudável para a criança.

Mesmo em uma atividade simples como brincar faz com que as crianças exercitem tanto os seus desejos e sua própria personalidade como sua coordenação motora, capacidade de pensamento e organização espacial (noção de espaço), explica Ana Cássia.

E não é necessário ir muito longe para encontrar jogos e brincadeiras que as estimulem. Um brinquedo não muito caro como o quebra cabeça auxilia no desenvolvimento da noção de espaço, coordenação motora e a formação do pensamento abstrato. Outras dicas de jogos são o pega-varetas, jogo de damas e jogos com números e letras.

Usando a TV a favor da educação
Aproveitar a programação educativa da TV é uma boa opção. Tanto pais quanto educadores podem estimular as crianças a assistir programas de qualidade e saber diferenciá-los. Walquiria frisa que o importante é que os pais possam sempre estar presentes acompanhando os filhos nessa interação, “sempre dialogando e mostrando um senso crítico sobre os conteúdos assistidos”.

* Texto de Paula Menezes, publicado originalmente no site IG.Educação

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