sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Cinema: Barry e a Banda das Minhocas

O cinema dinamarquês raramente chega ao circuito comercial brasileiro. Quem dirá uma produção em animação feita no país. Desta forma, Barry e a Banda das Michocas é caso raro neste sentido. Mas este elemento do longa-metragem de Thomas Borch Nielsen é um dos poucos a ser apontado de forma positiva, neste caso.

O diretor, que já assinou um thriller (Skyggen, de 1998) e um filme infantil (Ørkenens Juvel, de 2001), conduz pela primeira vez uma animação, o primeiro de seus trabalhos como diretor que chega ao circuito comercial brasileiro. Co-produção entre Dinamarca e Alemanha, o roteiro parte do princípio que minhocas são seres desprezados pela classe dos insetos. Inconformado em ser sempre o motivo de chacota, Barry deseja escapar da sina de trabalhar na empresa de fertilizantes onde todas as minhocas fazem carreira, inclusive seu pai, que, aparentemente, afunda no tédio de fazer algo que não gosta. Mas, pressionado pela mãe que o domina, Barry acaba iniciando uma carreira onde deveria.

Ao descobrir uma caixa com os pertences antigos de seu pai, ouve o LP Os Maiores Sucesso da Disco 77, referindo-se à década mais produtiva da disco music. Apaixonado pelo ritmo, ele monta a banda que dá nome ao filme - em inglês, Sunshine Barry and The Disco Worms, brincadeira que referencia KC & The Sunshine Band, um dos principais grupos da disco music -, com a qual participa de um concurso de novos talentos da TV.

Por mais que Barry e a Banda das Michocas traga o ritmo sempre contagiante da disco, o longa não traz absolutamente nada de novo. A técnica de animação é precária e o roteiro tem verdadeiros buracos negros. Como, por exemplo, as minhocas que formam a banda podem tocar sem não terem tido contato anterior com instrumentos musicais? Apenas alguns ensaios bastam quando o ritmo da disco music te conduz? Os personagens até que são simpáticos, mas não são suficientes para dar consistência à animação.

A falta de profundidade na narrativa, ou mesmo a ausência de primor técnico podem não ser problema quando se trata dos espectadores mirins, mas seus acompanhantes adultos podem esperar uma experiência menos agradável, talvez aliviada pelo relativo carisma dos personagens e a animação da trilha sonora. Mas, se for para prestigiar o cinema dinamarquês, fique com os consagrados cineastas que fundaram o movimento Dogma 95. Definitivamente.


Exibição: a partir do dia 30, sexta, em todo os cinemas nacionais

Classificação: livre

(angélica bito)

* A amiga jornalista Angélica Bito - de quem aprecio muito o trabalho - escreve para o site CineClick (um endereço bacana que traz críticas e informações sobre o universo cinematográfico)

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