sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Estreia: A Lenda de Beowulf

Há cerca de 1.500, os vikings se arriscavam pelos sete mares em busca de fortuna e glória. A saga de um desses guerreiros e de seus fiéis escudeiros sobreviveu aos séculos e tornou-se a fonte de inspiração de A Lenda de Beowulf. O herói em questão (Ray Winstone) e sua trupe saem em auxílio do rei Hrotgar (Anthony Hopkins), cujo reino está sendo aniquilado por uma criatura disforme e predadora chamada Grendel (Crispin Hellion Glover).

Apesar dos conselhos de sua mãe e feiticeira (Angelina Jolie) para que ele não se aproxime das pessoas, o monstro vive se aventurando na cidade para se alimentar dos humanos e, assim, aliviar uma imensa dor que o tortura até quase a morte. Beowulf consegue cumprir sua missão, mas o preço a pagar será alto demais - tanto para ele como para seus companheiros.

Para contar essa história, Robert Zemeckis (de Uma Cilada para Roger Rabbit e Náufrago) se vale da combinação do “velho” 3D e de uma moderníssima técnica criada por ele mesmo no longa-animado O Expresso Polar, em 2004. Batizada de performance capture, a nova tecnologia consiste em pegar atores e vesti-los com roupas especiais cheias de sensores eletrônicos que captam todos os seus movimentos, expressões e falas, transmitindo-os para o computador e transformando as imagens em animação.

Em entrevista à imprensa internacional durante o lançamento do filme, Zemeckis afirmou ter escolhido esse processo em Beowulf porque ele “oferece a possibilidade de duas formas de elenco, uma para a atuação e outra para a semelhança, o que quer dizer que podemos na verdade separar a aparência de um personagem no filme do ator que encarna aquele personagem”.

O que possibilitou algumas mudanças e até melhorias físicas nos intérpretes. A barriga avantajada do inglês Ray Winstone, por exemplo, deu lugar a um “tanquinho”, fazendo dele um viking saradão. Enquanto Crispin Glover virou um verdadeiro monstro em carne viva. Já Angelina Jolie ganhou ainda mais beleza e curvas de parar o trânsito. Para os atores, no entanto, as vantagens de encarar um trabalho como esse param na recauchutagem.

A vida no set de filmagem não foi fácil e bem diferente de tudo o que eles já haviam feito até então. Todo o elenco foi obrigado a representar em um estúdio diante de uma tela verde, sem cenários, objetos ou figurinos - apenas com aquelas roupas colantes e fios saindo por todos os lados de seu corpo. Para Zemeckis, isso não é problema.

Ao contrário, é uma espécie de “libertação da tirania” das filmagens rotineiras. “Não tem a ver com iluminação, com movimento de câmera, com cabelo, maquiagem. É o desempenho em estado absoluto. Não temos que quebrar a cena para ter cobertura, podemos fazer planos abertos e closes ao mesmo tempo. Assim, os atores ditam o ritmo das cenas. Era como no teatro, a não ser pelo fato de estar sendo captado em 3D.”

Se o cineasta está certo ou não, pouco importa. O fato é que Hollywood se rendeu à performance capture. O próprio Zemeckis já está usando a tecnologia em outra produção, uma nova versão cinematográfica de Um Conto de Natal, de Charles Dickens. E o cineasta James Cameron lançará seu próximo filme, Avatar, apenas em salas 3D, em 2009. Para o realizador do megablockbuster Titanic, serão exatamente essas técnicas ultramodernas que vão garantir a sobrevivência do cinema no futuro. Alguém duvida?

Exibição: dia 31, sábado, 21h, HBO

Indicação: a partir de 14 anos

(shirley paradizo)

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