quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cinema: Terra

O dia 22 de abril não é apenas marcado pelo Descobrimento do Brasil, mas também pelo Dia da Terra. A data foi criada em 1970 nos Estados Unidos, quando o então Senador americano Gaylord Nelson organizou eventos para discussão e desenvolvimento de projetos sobre o meio ambiente, conhecido como Earth Day. Desde então, outros países aderiram à data - inclusive o Brasil, que uniu-se oficialmente à causa em 1990 - e muitas manifestações em prol da proteção do planeta acontencem no mundo todo. O fato é que muitos avanços foram feitos, mas ainda é possível fazer mais, como economizar água e energia, recuperar solos, poluir menos...


Para comemorar a data, a Disney lança mundialmente seu primeiro documentário do selo DisneyNature. No Brasil, o belíssimo Terra (Earth), que celebra a extraordinária biodiversidade do planeta, tem pré-estreia nesta quarta, dia 22, em 30 salas de todo o país. A partir de sexta, dia 24, outras salas serão acrescentadas ao circuito do filme, que circula apenas em cópias dubladas.

Narrado por James Earl Jones, o documentário apresenta a incrível história de três famílias de animais e suas jornadas pelo planeta em busca da sobrevivência. O documentário Confira abaixo a crítica do filme, escrita por Neusa Barbosa e publicada originalmente no site Cineweb.

Coproduzido em parceria pela BBC, o Discovery Channel e o Disney Nature, o filme de Alastair Fothergill e Mark Linfield, é na verdade um prolongamento mais ambicioso da série Planeta Terra (2006), dirigida pelos mesmos cineastas e premiada com o Emmy. Filmada ao longo de três anos por 40 diferentes equipes de cinegrafistas, a produção reúne imagens de beleza e força suficientes para fornecer um retrato das diversas regiões do planeta.

Independentemente dos riscos do aquecimento global, visíveis especialmente na sequência que apresenta a vida dos ursos polares no Ártico, Terra tem boas notícias a dar. A melhor delas é sobre a extraordinária capacidade de resistência e adaptação dos animais. O foco principal do documentário está em acompanhar as migrações anuais de algumas espécies, ao longo de distâncias que superam milhares de quilômetros, em situações adversas como seca, degelo, tempestades e ataques de predadores.

No Ártico, segue-se o desafio de uma mãe ursa polar, saindo de sua toca no gelo acompanhada de dois filhotes, no final do inverno. Após meses de hibernação, ela deve encontrar alimento rapidamente. O mesmo desafio tem o macho de sua espécie, com o agravante de que se encontra isolado, bem longe, num ambiente mais inóspito. Na África, manadas de elefantes percorrem outros milhares de quilômetros em busca da água distante. Em pleno período de seca, enfraquecidos, eles precisam manter um extremo esforço de resistência, encorajando os pequenos e frágeis filhotes a segui-los.

Já no oceano, uma baleia jubarte, igualmente em jejum há meses por conta do inverno, deve atravessar mais de quatro mil quilômetros em mar aberto e hostil, amamentando e conduzindo seu único filhote no rumo de águas mais quentes e repletas do seu alimento preferido, o krill, um tipo de camarão.

Mesmo que sejam estes os protagonistas das sequências principais, as câmeras são generosas em mostrar diversos filhotes de patos, macacos, pinguins e leões marinhos. Outro segmento curioso apresenta algumas das exóticas e multicoloridas espécies de aves-do-paraíso da Nova Guiné que, naquele país, são nada menos de 42.

Visando difundir informações, o filme é pródigo em números e dados, alguns surpreendentes. É o caso da informação de que a floresta boreal tem mais árvores do que todas as florestas tropicais juntas, representando 1/3 da cobertura vegetal do planeta. As florestas tropicais, por sua vez, ocupam 3% da Terra e reúnem 50% de todas as espécies. Ainda que seja indiscutivelmente voltado a plateias de todas as idades, Terra nunca procura antropomorfizar os animais, como fez o documentário francês A Marcha dos Pinguins, de Luc Jacquet, vencedor do Oscar da categoria em 2006.

Fiel a um enfoque mais realista, o filme não se esquiva de mostrar algumas cenas em que a necessidade de sobrevivência de uma espécie a obriga a caçar uma outra. Em uma sequência, um guepardo dispara em alta velocidade, alcançando uma gazela. A mais impressionante flagra dezenas de leões no ataque a um elefante desgarrado, uma das mais perigosas da filmagem, realizada no escuro, com iluminação infravermelha, para não perturbar os animais.

Curiosidades

Terra levou 5 anos para ser produzido, com mil horas de filmagens. A equipe de 40 pessoas passou por 200 locações e 26 países são apresentados na versão final

• Produzido pela BBC Worldwide e Greenlight Media, o Disneynature, o primeiro novo selo de cinema da Walt Disney Company em 60 anos, foi lançado em abril de 2008 com o objetivo de levar aos cinemas filmes de grande impacto sobre a vida selvagem e o meio ambiente.

• Walt Disney foi pioneiro na realização de documentários sobre a vida selvagem, produzindo 13 aventuras da vida real entre 1949-1960, entre as quais: Seal Island (1949), Beaver Valley (1950), The Living Desert (1953) e Jungle Cat (1958).

• A BBC foi a primeira a obter permissão de acesso do governo norueguês à região das tocas dos ursos polares, em Kong Karls Land, Noruega. Fazia 25 anos que ninguém havia estado lá.

• Os baixos níveis de luz nos quais os pássaros se exibem nas florestas tropicais de Papua-Nova Guiné limitaram os cineastas no passado – a capacidade de baixa iluminação da nova tecnologia de alta definição permitiu que a equipe de Terra (Earth) os filmassem com grande detalhamento.

Em cartaz: a partir do dia 22, quarta, nos cinemas nacionais

(shirley paradizo)

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