quarta-feira, 22 de julho de 2009

Anima Mundi 2009: Papo animado

O 17o. Anima Mundi 2009 começa hoje em São Paulo, trazendo muitas animações imperdíveis e visitantes ilustres. Conheça os cineastas que estarão presente no festival para um Papo Animado com o público.

Michel Ocelot - nascido em 1943 na Côte d'Azur, França, ele passou a infância em Guiné, oeste da África. O convívio com outra cultura certamente influenciou sua trajetória artística e sua predileção pelas fábulas. Ocelot é um exímio narrador. Seus príncipes, princesas, fadas, feiticeiras e o famoso menino africano Kirikou, que já nasce falando, encantam platéias de todas as idades. Para elaborar seus roteiros, que valorizam as diferenças étnicas, religiosas e culturais, Ocelot parte de referências estéticas e dos contos tradicionais de outras culturas. Formou-se em Artes na École régionale des Beaux-Arts, em Angers, na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs, em Paris, e no California Institute of the Arts, em Los Angeles, e iniciou-se na animação fazendo curtas-metragens e séries de TV, como Gédéon (1976), A Princesa Insensível (La Princesse Insensible, 1986) e Os Contos da Noite (Les Contes de la Nuit, 1992). Mas foi o seu primeiro longa-metragem, Kirikou e a Feiticeira (Kirikou et la Sorcière, 1998) que tornou o animador conhecido do grande público. O filme conquistou diversos prêmios, entre os quais o Grand Prix em Annecy. Em seguida, Ocelot dirigiu mais três longas: Príncipes e Princesas (Princes et Princesses, 2000), Kirikou e os Animais Selvagens (Kirikou et les Bêtes Sauvages, 2005) e o épico Azur e Asmar (2006), que narra os encontros e as desavenças entre dois meninos de culturas diferentes que são criados por uma mesma mulher. Em 2007, Björk convidou-o para fazer o videoclipe da música Earth Intruders. Nesta edição, o Anima Mundi também apresenta uma mostra especial dos longas de Ocelot, dia 22, quarta, 19h, Memorial Sala 2.

Amid Amidi - festival permanente se renova a cada minuto na Internet, com os milhares de sites e blogs com filmes e informações sobre animação que estão sempre mostrando o que há de mais novo e mais raro. Melhor quando alguém surge para contextualizar tudo isso na linha da história, indicando os melhores itinerários para esta viagem pelas imagens em movimento. Amid Amidi é um desses caras. Ele não faz filmes, mas desde os 9 anos trabalha com animação. Hoje é bem conhecido por escrever no imprescindível site Cartoon Brew, lançado em 2004 em parceria com Jerry Beck - autor e historiador da animação como ele. Amid acaba de lançar o premiado livro Cartoon Modern: Style and Design in Fifties Animation, um mergulho na era de animação dos anos 1950. Antes ele escreveu The Art of Robots, sobre o processo de criação do longa Robôs, da Blue Sky/Fox, e editou o livro Inside UPA, uma compilação de fotografias inéditas do lendário estúdio de animação. Em 1996, Amidi criou o pioneiro site sobre animação Animation and Cartoon Heaven, que dois anos depois virou o Animation Blast, uma revista sobre animação com versão impressa até sua 9° edição. Em 1998, Amidi tornou-se editor associado da Animation World Magazine, da Animation World Network (AWN), a primeira publicação mensal na web sobre animação. Dia 23, quinta, 19h, Memorial Sala 2.

Irmãos Latini (apresentados por Marcia Latini) - filhos de Anélio Latini, imigrante italiano e professor de Belas Artes, os irmãos se iniciam no desenho animado ainda adolescentes, fazendo juntos o curta-metragem Azares de Lulu. Mário começou a trabalhar no setor de cinema do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) em 1940, e Anélio fez a sua primeira exposição coletiva de pintura em 1946. Em 1947, os irmãos Latini iniciam o ambicioso projeto Sinfonia Amazônica, que seria o primeiro longa-metragem de animação brasileiro. Filmado em preto-e-branco, a partir de um argumento do folclorista Joaquim Ribeiro, Sinfonia Amazônica narra sete lendas do Amazonas, apresentando personagens como o malandro Jabuti, exímio tocador de flauta, a Cobra Grande, mãe de todas as águas, o Urutáu, pássaro apaixonado pela Lua, e o Curupira, o protetor da floresta. Anélio fez praticamente sozinho os cerca de 500 mil desenhos (entre croquis, artes-finais, cenários e desenhos definitivos em folhas de acetato ou papel opaco), filmados pelo irmão Mário utilizando uma câmera Ernemann Krupp. Um divertido documentário, narrado pelo ilustre radialista Almirante, serve de introdução ao filme e mostra os incríveis detalhes da heróica produção, que levou seis anos para ser finalizada e lançada. Em 1968, Anélio iniciou outro longa animado, Kitan do Amazonas, dessa vez a cores, mas a produção foi interrompida e infelizmente nunca concluída. Neste Papo Animado, Márcia Latini, filha de Mário, irá falar da trajetória desses grandes pioneiros da animação brasileira e da luta para preservar e restaurar o que restou da obra de seu tio e seu pai. Dia 25, sábado, 19h, Memorial Sala 2.

Priit Pärn - a Estônia é um pequeno país em um cantinho da Europa, com menos de um milhão e meio de habitantes. É um reino encantado da animação, onde se produz muitos filmes, alguns deles os mais loucos e inovadores desta linguagem. Sim, lá se encontra provavelmente a maior densidade populacional de animadores, em cujos nomes os tremas, banidos pela nossa reforma ortográfica, podem hoje encontrar refúgio... Priit Pärn tem muita responsabilidade nesta história, pois é o animador estoniano mais célebre e produtivo até hoje, e o inspirador e incentivador de vários outros artistas, dentro e fora de seu país. Priit Pärn nasceu em 1946 em Tallinn, Estônia. Formado em biologia, trabalhou no jardim botânico local como ecologista de plantas entre 1970 e 1976. Mas desde 1960, Pärn já se dedicava às caricaturas e às ilustrações. No início dos anos 1980, começou a trabalhar como artista gráfico freelancer, realizando dezenas de exposições individuais na Europa e no Canadá. Da caricatura ao cinema de animação foi só um passo. Pärn começou a fazer sua crítica política e existencial por meio de seus próprios filmes, com um traço singular e atmosferas surrealistas, como Breakfast on the Grass (1987), que critica a burocracia e o autoritarismo da vida soviética. Após ser diretor de arte e de animação da escola Joonisfilm do Tallinnfilm Studio, desde 1994 trabalha no Eesti Joonisfilm Studio. Entre os seus curtas-metragens mais conhecidos e premiados estão The Triangle (1982), Hotel E (1992) e Night of the Carrots (1998). O estilo de Pärn influenciou várias gerações de animadores estonianos e inspirou produções comerciais americanas, como Rugrats, do canal Nickelodeon. Seu trabalho mais recente é o longa-metragem Life Without Gabriella Ferri (2008). Em 2002, recebeu o prêmio Lifetime Achievement da International Animated Film Association em reconhecimento por sua carreira. Pärn é também professor de animação há 18 anos, tendo sido diretor de arte do Departamento de Animação da Turku Art Academy na Finlândia entre 1994 e 2007. Desde 2006, é chefe do Departamento de Animação da Estonian Art Academy e atual membro da European Film Academy. Dia 23, quinta, 21h, Memorial Sala 2.

* fonte site oficial anima mundi

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