segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Literatura: Charlie e Lola

Há 10 anos, a inglesa Lauren Child estreava nas livrarias com as histórias da adorável menina de 7 anos, Clarice Bean (aqui publicado pela Editora Ática). Tempos depois, a escritora e artista plástica ganhou o mundo com as histórias dos irmãos Charlie e Lola, que ficaram ainda mais conhecidos depois de virarem animação de TV. E se transformaram, também, em versão para os palcos. Não é preciso ficar muito tempo diante dos personagens de Lauren para entender o sucesso. Eles "falam" com o leitor.

Já responsável por outras traduções da autora no Brasil, a Editora Ática lança agora versões das histórias em livros-brinquedo (imagem ao lado), além de coleções em papel cartonado com os temas de opostos, animais, cores e números. E, para completar, Clarice Bean também tem novidade: Meu tio é Divertiodo (sim, é assim que se escreve!) chega ao Brasil em setembro. Confira a entrevista exclusiva que Lauren concedeu à revista Crescer.

A personagem Clarice Bean chegou ao mundo antes de Charlie e Lola. Como tudo aconteceu?
Clarice Bean - Sou Eu foi meu primeiro livro ilustrado. Ela é uma garota de 7 anos que conversa diretamente com o leitor, contando tudo sobre sua família. Eu escrevi isso há 15 anos e fiquei cinco anos à procura de alguém que o publicasse. E finalmente chegou às livrarias em 1999. Este ano celebramos 10 anos de aniversário. É o livro do qual mais me orgulho.

Quem inspirou você a escrever Charlie e Lola?
Lola foi baseada em uma menina de 4 anos que eu vi uma vez enquanto fazia uma viagem de trem. Eu dei a Lola um irmão de 7 anos porque pensei que seria interessante escrever sobre o relacionamento de irmãos e como eles lidam com seus problemas de todos os dias. Esses pequenos assuntos podem parecer muito grandes quando você é criança...

Na sua opinião, por que Charlie e Lola são tão adoráveis?
Isso é algo que eu realmente não posso escrever, mas espero que seja porque o diálogo deles é convincente e eles soam como se fossem crianças reais.

Você acredita que Charlie e Lola são uma espécie de 'voz das crianças'? Quero dizer, eles expressam os sentimentos delas?
É o que tento fazer, então espero que sim.

De onde vem a inspiração para as histórias?
Das memórias, de converser com as pessoas, de assistir o que acontece em volta de mim e da minha imaginação.

Como você ilustra? É verdade que usa uma peça de pano que era sua quando criança?
Eu desenho primeiro e depois corto os tecidos, revistas, papéis e fotografias. Xeroquei um pedaço do vestido que minha mãe fez para mim quando eu era bebê e usei para fazer o pijama de Lola em Eu não vou dormir e não irei para a cama.

Quando você imagina uma história, o que vem primeiro: o texto ou o desenho?
As palavras vêm primeiro e eu imagino as ilustrações pelos olhos da minha mente.

O que você acha destes tantos produtos que surgem a partir dos livros de Charlie e Lola, como os programas de TV e os brinquedos?
Eu escrevi apenas três livros ilustrados de Charlie e Lola (eu planejo escrever um quarto este ano!) e oito livros do tipo cartonados. Então, algumas vezes é estranho ver tantas coisas de Charlie e Lola em todos os lugares. Há muitos, muitos programas relacionados aos livros que eu supervisiono mas, claro, não escrevo ou ilustro. Trabalho duro com o editor destes livros para ter certeza de que eles sejam bem feitos e que fiquem bonitos. Estou feliz com a maioria dos produtos, mas há sempre algumas coisas que eu não sinto que ficou tão bom. Acho o programa de TV muito bom e passei vários anos trabalhando com a equipe de produção e tenho muito orgulho disto.

O que Charlie, Lola e Clarice têm em comum?
Charlie e Clarice falam com os leitores. Eles, espero, sentem como se fossem crianças reais e falam de coisas que as todas as crianças do mundo possam se identificar.

O que você ama mais em cada um deles?
Clarice é a minha favorita por que ela é alguém que tem um forte senso de si e é interessada nas coisas que acontecem ao redor dela, ela tem um ótimo jeito de lidar com a curiosidade e entusiasmo pela vida. Em Charlie e Lola eu amo suas habilidades para viajar pela imaginação, um ingrediente-chave para ser criança.

* entrevista realizada por cristiane rogerio e publicada originalmente no site da revista crescer

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