quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Cinema: Como Cães e Gatos 2 - A Vingança de Kitty Galore

Como Cães e Gatos... dois? Como assim? Quando foi o primeiro? Não é muita gente que lembra, mas o primeiro Como Cães e Gatos foi lançado já há quase dez anos, e não foi, por assim dizer, um grande marco de recordação da história do cinema, aqui no Brasil. Por que, então, uma continuação assim tardia? Os números justificam: o filme original - embora pouco expressivo por aqui - fez um razoável sucesso nas bilheterias americanas, nas quais arrecadou quase US$ 100 milhões, na época. Nada desprezível. E hoje, quase dez anos depois, a tecnologia necessária para este tipo de produção já está bem mais acessível (menos cara). Arriscar na franquia, no julgamento dos produtores americanos e australianos que bancaram o projeto, poderia valer a pena. Principalmente com os preços dos ingressos inflacionados pelo 3D.

Números a parte, o filme tem tudo para agradar a garotada, sem aborrecer os papais e titios. Mesmo para quem não viu o primeiro filme, não é difícil acompanhar a história da super espiã Kitty Galore, uma gata (literalmente) que se rebelou contra a MIAU, uma organização internacional de espionagem formada só por felinos, e resolveu agir por conta própria na sua luta insana pela eliminação de todos os cachorros do planeta.

Diante dessa ameaça sem precedentes, acontece o que seria impensável: os agentes secretos do mundos dos gatos se unem aos agentes secretos do mundo dos cães para tentar eliminar a terrível Kitty Galore. Pura política: desafetos históricos se unindo para combater um poderoso inimigo comum. A gente vê isso todo dia no horário eleitoral. Para dar um toque mais humano ao filme (ou seria canino?), um dos principais responsáveis por esta empreitada é o simpático Diggs, um pastor alemão que se torna herói após ser desprezado pela Polícia de San Francisco. O típico caso de segunda chance e redenção, tão querido aos roteiristas de Hollywood.

Como Cães e Gatos 2 tem o cuidado de desenvolver um ritmo ágil de muitas brigas e perseguições - bem ao gosto da garotada - sem esquecer que são os adultos que levam as crianças ao cinema. Assim, desde os créditos iniciais, até a concepção da trilha sonora, são inúmeras as referências aos filmes de James Bond, que certamente têm ressonância muito mais próxima ao público adulto. Mesmo sem ser impressionantes, os efeitos especiais convencem. O que não se pode dizer do fraquinho e dispensável sistema 3D, que faz a alegria dos produtores e exibidores - aumentando o preço do ingresso - mas não muda quase nada para o público. Prefira as cópias convencionais e divirta-se.

celso sabadin*

* O multimídia - e querido amigo - Celso Sabadin é autor do livro autor do livro Vocês Ainda Não Ouviram Nada – A Barulhenta História do Cinema Mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. Atualmente, dirige o Planeta Tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV Gazeta e da rádio Bandeirantes.

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